terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Você é a favor ou contra a legalização do aborto?


Volta e meia eu volto a pensar na legalização do aborto, e nas ultimas semanas eu tenho causado algum certo espanto nas pessoas por querer tratar de um assunto tão polêmico.

Ao chegar aos meus contatos do MSN e nas pessoas que encontro e perguntar: “você é a favor ou contra a legalização do aborto?”, eu lia/ouvia a resposta: “Não! Por quê? Você está grávida? Quer abortar?” Ora vamos parar com tanta idiotice. Fiquei revoltada com tais respostas, que me só me fizeram confirmar a ignorância que habita a mente das pessoas.

Claro aborto é um assunto polêmico, e justamente por ser um assunto polêmico deveria ser debatido, discutido, e falado todos os dias; mas não, as pessoas têm medo, fogem dos assuntos que necessitam um pouco mais de raciocínio, um pouco mais de tempo e um pouco mais de opinião própria.

Mas o que mais impressionou as pessoas não foi a minha inesperada pergunta sobre um dos assuntos mais delicados, mas sim a minha resposta: “SIM, eu sou a favor da legalização do aborto”.E era essa hora que o silêncio surgia, e vinha a tão esperada pergunta: Por quê?

Sou a favor por que o aborto acontece, sempre aconteceu e sempre vai acontecer, sou a favor por que milhares de mulheres (pobres a maioria, diga-se de passagem) morrem por recorrerem aos únicos métodos abortivos que lhes é oferecido, sou a favor por que aborto é um caso de saúde pública (e não me venham dizer que não), sou a favor das mulheres, daquelas que não vão ter assistência de ninguém, eu disse de NINGUÉM, das mulheres que são julgadas, humilhadas, que sofrem... Enfim, eu poderia citar aqui milhões de “por quês”.

Algumas pessoas (poucas) aceitaram a minha sugestão de debatermos este assunto, e claro, defendiam a não legalização, mas pelo menos aceitaram debater e mostrar seus pontos comigo.
Mas, quais são seus argumentos? Imagens de abortos achados no youtube. Simples. Fácil. Sem discussão. Aquelas imagens iriam chocar meu coração e eu iria me tornar uma defensora do “aborto não”. Infelizmente isso não aconteceu, acho que se eu fosse contra o aborto tudo seria mais fácil, eu procuraria algumas imagens no youtube ou no Google e elas falariam por mim.

Não consegui, eu não me abalei, não mudei de opinião, aliás, isso só reforçou a minha idéia de que quem é contra o aborto bate sempre na mesma tecla “é uma vida; a mulher que aborta é uma assassina e quem defende também; os” aborteiros “usam da lei do mais forte; não dá direito á um ser indefeso...” Defendo a legalização do aborto, tenho muitos motivos para isso, e não uso de imagens apeladoras para defender a minha idéia.

É isso, meus pêsames a quem não gosta de assuntos polêmicos. Ou á quem se apavora quando são indagados sobre tais assuntos. Meus pêsames por que vocês não sabem ter opinião própria, meus pêsames a sua ignorância.

Não, eu não estou grávida e eu não quero fazer um aborto. Apenas não vivo no mundo perfeito onde assuntos polêmicos não existem.

Beijos

4 comentários:

Anônimo disse...

Gostei, Mariana. Eu sou a favor da legalização. Aliás, de todos os "crimes", o aborto é um dos que mais acontecem no Brasil, todo dia e toda hora. E um dos que mais matam (quero dizer, a CRIMINALIZAÇÃO mata através do "crime").

A filha do rico aborta numa clínica "ilegal" de ponta - veja só, clínica ilegal de ponta! A filha do pobre vai em qualquer açougueiro (já que o SUS não se presta a "matar seres vivos"), e frequentemente morrem.

Não discutir é pior caminho. Deixa eu te convidar a conferir um texto que fiz sobre o aborto, neste segundo semestre. Discutindo com um amigo que é CONTRA o aborto:

http://danielslopes.blogspot.com/2007/09/agora-sim-sobre-o-aborto.html


Abs.

Paulo Vilmar disse...

Mariana!
A descriminalização do aborto é, para o nosso país, uma questão de saúde pública. Os ricos, têm clínicas bem equipadas, UTIs, psicólogos e toda a infra-estrutura necessária para um ato tão traumático.
Os pobres, morrem com restos de fetos em seus ventres e a sociedade hipocritamente, vira o rosto para o problema e discute quando começa a vida!
Não estamos obrigando as pessoas a fazerem abortos, até porque, esta é uma decisão extrema e tomada pela mulher, não são os homens que devem legislar, falar ou consentir com o aborto. Aos homens, resta apoiar a companheira, se for tomada esta decisão drástica e dura! As sequelas psicológicas de um aborto, são traumatizantes e devem, sim, ter amparo no sistema público de saúde!
Belíssimo post!
beijos.

Tomacaúna disse...

Faço minhas as palavras do Paulo Vilmar. Aliás fiquei (positivamente) surpreso com o Min. da Saúde quando ele se pronunciou no mesmo sentido.

Sobre as tais imagens, posso dizer que foram responsáveis por uma confusão na última feira do livro. Comecei a discutir com o pessoal que as estava passando e a falta de qualquer argumento inteligente por parte deles me irritou ainda mais. Juntou gente em roda. Ficar mostrando pedaço de feto abortado em clínica de fundo de pátio é, a meu ver, um argumento pró-legalização.

Ótimo texto.

Carolina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.