quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Em mim, já se fizeste

            Escrevo de longe, te devo algo depois de tanto tempo, este tempo que fiquei a mercê da vida, de suas magnitudes e ensinamentos, trancafiada na minha esfera lunática e cheia de amigos imaginários com os quais compartilhei encenações de choros saudosos do nosso amor, de gargalhadas rolando ao chão como se contasse a ti algo que fiz anos atrás, algo que vivenciamos e é de mim tão distante que dói, essa mistura de fingir ser alegre com a dor imensa que sinto de sei lá o que, só sei que me dói.

Tenho momentos de lucidez que me irritam. O embriagar tem me sido a solução mais palpável aos meus sonhos temerosos e angustiantes que insisto em ter. Sonho contigo em meu colo e meu bem, meu bibelô, como é bom voar sobre as rochas contigo em mim, o real é tão mórbido. Sinto tua falta silenciando minhas loucuras, de compartilhar meus pensamentos com alguém que complete minhas frases quando calo de tanta complexidade, quero hablar contigo meu bem, cadê tu aqui? Em mim tu já se fizeste, sempre. 

Eu finjo estar aqui ou não sei realmente se estou em algum lugar? Até quando torturar-me-ei com esta dúvida, se sou ou se não sou, se quero ou se não quero. Não sou feliz, mas gosto de não ser, é normal? Dirias tu “é normal" e viria com algum calmante psicológico que deixar-me-ia anestesiada, em paz comigo. Contigo eu era, e gostava de ser. Mas agora que não estas aqui, não ser se tornou o ser.

Tango, drama, fecho os olhos e vejo a luz da solidão e danço com ela feito a menina de nove anos emperiquitada com sapatinhos cor de rosa, meia calça branca e vestido branco rodado, com o mesmo olhar de procura que cultivo hoje e sonho em ser ela. 
         Nosso retrato preto e branco preso na parede tira-me do tédio, tiro de lá quando tem visita ou quando ele chega, não quero que ninguém saiba e sinto ser pecado lembrar-se de ti e deitar com ele, embora seja ele muito bom comigo não és tu tocando meu corpo e beijando minha boca, agora sem o vermelho do batom, sem o doce do amor, nego-te na hora.

Vou pro samba sozinha, danço, rodopio, embriago-me e rio, rio feito Exu em dia de festa. Viver?  Eu vivo, com muito gosto. Bebo, trepo, fumo, como, raspo o cabelo e durmo no sol ao meio-dia, por que meu bem, de morrer eu não tenho medo.


3 comentários:

Carolina disse...

aahhh como eu tava com saudade das tuas escritas! é tanto sentir, é lindo demais.

António Je. Batalha disse...

Olá , seu blog é muito bom,
e desde já quero dar-lhe os parabéns, meu nome é:
António Batalha, e quero deixar-lhe um convite,
se quiser fazer parte de meus amigos virtuais no
blog Peregrino E Servo ficarei muito radiante.
Claro que irei retribuir seguindo também seu blog.
Deixo-lhe a minha bênção.

Mariana Moro disse...

Obrigada Antonio, irei seguir sei blog.
abraço