quinta-feira, 11 de junho de 2009

Uma paranóica apaixonada viciada em nicotina


E na parede do meu quarto estão às marcas dos cigarros que não termino de fumar. Apago, assim como quem apaga um romance, quase que por obrigação, na metade do gosto amargo e no ápice da fumaça, que entraria nos meus pulmões, como um amor entraria no coração. Apago-os não por não querer terminar ele, mas por saber que o acendi com o único motivo de não ter o que fazer. Não. Distraio-me ao dizer isso, o certo seria saber que acendi pelo nervosismo que a tua ausência me causa. Isso é coisa de quem é conturbado, ninguém fuma duas carteiras de cigarro em 24 horas por uma pessoa, não por uma pessoa, mas pela ausência dela. Bom, eu fumo. Se os fumo pela metade, isso daria uma carteira por dia. O que ainda sim, é exagero. Por uma pessoa, é exagero. Mas tenho meus motivos, minhas explicações. Você me faz passar tempo demais contigo, faz com que, ao estar com você, eu esqueça a nicotina, seria algo como, “você é minha nicotina”, e assim, se tiram você dos meus braços, se você não se compadece ao me dar um telefonema e perguntar o que vamos fazer no outro dia, como sempre faz, como sempre fez, o que quer que faça? Ai, duas carteiras com cigarros fumados pela metade que resultam, na minha teoria, em uma carteira de cigarros fumados, não seria um exagero da minha parte, ainda mais se sabes que sou uma pessoa paranóica, como eu sei que você sabe, não sabe!? Essa ausência toda seria quase que um ultimato na minha cabeça, seria um término, seria como você apagar o seu cigarro pela metade, e usasse meu coração, em vez da sua parede. Quer que eu conte cada detalhe do meu dia sem você? Quem sabe assim você não se esquece de me dar noticias, mandar mensagens telepáticas, um carteiro até minha porta, ding dong, carta para mim. É, talvez você faça isso, ou quem sabe apenas fuja de mim. Prefiro acreditar que você vai se compadecer, quer dizer, ao menos é o certo pra quem diz que gosta tanto. Enfim, eu, hoje, abri meus olhos as , não, melhor começar da parte em que nos despedimos de noite, rola mais sentimentalismo, você lembraria-se de nós juntos, e quem sabe não é... Bom, você esperou o ônibus comigo às 22 horas e 10 minutos, o ônibus passou às 22 horas e 12 minutos, reclamei dos dois minutos de demora, mas não que eu quisesse ir embora, e te deixar ali, é por que estava frio, e você sabe, não saio de casa com muita roupa, mil casacos, lembro que você colocou a sua manta em mim, pra ver se me aquecia, lembro também que o que me aqueceu foi o seu abraço, longo, de alguns vários minutos, só nos desfizemos pelo adiantado da hora, e eu não poderia perder mais um ônibus. O ônibus parou, você me deu um beijo na boca, rápido beijo, um selo, e um eu te amo, esperou eu entrar no ônibus, e se foi. Minha paranóia começou nessa hora. Tentei avistar você da janela do ônibus, mas você não estava mais lá, parecia uma premonição, um significado, um tiro ao alvo da minha intuição, falei toda essa coisa de sobrenatural por que eu sempre te enxergava de dentro do ônibus, sempre. Cheguei em casa, fumei meio cigarro, apaguei na parede. Deitei na cama, assisti um filme, cuidei para não colocar o volume muito alto, caso você ligasse. O filme terminou, você não ligou, fumei outro meio cigarro, o que na minha teoria já era um cigarro inteiro, enterrei-me na cama, sua manta do meu lado, seu cheiro, me esquentava mais que as quatro cobertas em cima do meu corpo,nu. Adormeci logo, e ai partimos para os meus sonhos. Pularia essa parte da história se o sonho não tivesse a ver com você e a minha paranóia. Lá dentro de mim, no universo paralelo que eu tanto vou e que eu tanto gosto, você surgiu do além, se meteu num sonho e ai quando eu vi já havia abandonado todos do sonho anterior e estava ao seu lado, caminhando, depois esperando o ônibus, e era como se eu vivesse o dia de hoje, talvez o por isso da paranóia, mas você me dava o beijo, dizia o eu te amo, eu não te avistava da janela do ônibus, o dia de hoje, no sonho, era igual há muitos dias, meses, anos...evitou-me no primeiro dia, no segundo, passou um mês, dois, um ano...e eu já não sabia onde você estava, quem havia te roubado de mim? No sonho terminou assim, eu procurando você, você fugindo de mim, durante todo o resto da minha vida, que eu já não chamaria de vida, pois você bem sabe, sem você sou como um poeta sem a lua. Não haveria razão pra escrever. Não haveria razão pra eu viver. Lembro de ter despertado cedo, quer dizer, calculei que era cedo, pois na casa não havia movimentação humana nenhuma, levantaria, se você não tivesse me puxado ao sonho novamente. Eu fiquei ali, com a tua imagem paralisada no meu sonho e mesmo que abrisse os olhos ela continuava. Persistente, um massacre na alma essa tua imagem. Perdi a noção de tempo, fiquei na cama (e com a tua imagem), tua manta ainda do meu lado, até a hora do almoço, e como é feriado, o almoço tende sempre a ser mais tarde que o normal, eram 13h02min quando lavei meu rosto, contra vontade, meu corpo doía, minha cabeça pesava, e eu não tinha tomado porre nenhum, pensei ”foi a porrada do sonho, só pode” fumei meio cigarro, almocei, sem vontade também, embora tivesse lasanha. Ligou? Não. Respondeu meu pai, baixando a cabeça.Embora não goste de você, ele sabe o quanto eu gosto. Durante a tarde procurei um livro que estava, realmente, sedenta de vontade de ler. Fumei, como de costume, vários meios cigarros nesse período, não achei o livro e você não ligou. Lembro de ter tomado café, de ter pensado demais, de ter lembrado do sonho, e enquanto pensava, como de costume, em você, o telefone tocou. Não, não era você. Pelo menos pude chorar as pitangas com um amigo, e ele disse que era pra eu parar de viajar, que você gostava de mim, e blá blá blá. Desliguei o telefone me sentindo uma criança, quer dizer, uma idiota, por que na minha idade e na minha teoria,se sentir criança é sinônimo de se sentir idiota. Falei criança por que é menos pesado que idiota. 18 horas, já gastei o chão de tanto zanzar de um lado ao outro com um cigarro na mão. 19 horas, meu pai achou o livro, e você não ligou. Pelo menos matei a vontade de alguma coisa. 20 horas, fumei meio cigarro, e fui comer as sobras da lasanha. 21 horas, alguns meios cigarros até as 22 horas, por que pensei “você não vai deixar completar 24 horas de ausência”. Agora são 22 horas e 12 minutos. O telefone tocou. Passei 24 horas exatas numa paranóia doentia e você me vem falar “amor”? Claro que não falei isso, apenas pensei!
“Alô amor! Desculpar pela demora? Capaz, sabes bem que aprendi a lidar com a paranóia, não é? Também te amo. Muito, sim, muito...” E tem quem arrisque dizer que amor não mata. Pobre dos meus pulmões com esse amor. Não passo de uma paranóica apaixonada viciada em nicotina.

5 comentários:

luc. disse...

adoro as tuas postagens mari
tudo que tu escrev é tao lindo..
auto-confessado, profundo :D
beijos ;x

Mariana Moro disse...

Obrigada, Dani! Coloquei teu blog nos meus favoritos, beijos.

Anônimo disse...

me deu vontade de fumar, vo acender um lucky strike aqui.. me acompanha?

Mariana Moro disse...

Numa boa senhor anônimo!

Anônimo disse...

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