Linda é a gaivota, queria ser como ela, certeira no mergulho, um segundo no céu, outro no mar, sumindo por que quer sumir. À medida que vou me afastando de você o mundo me apresenta cores, eu não conhecia as cores, a cor do mar, a brisa suave do inverno a beira-mar. Que faço eu aqui? Pergunto-me todos os dias num amanhecer solitário em um lugar que aos poucos estou conseguindo chamar de casa, mas solitária, embora as cores sejam lindas, embora a brisa seja suave, embora, embora, por que eu fui embora?
Fugi de alguma coisa.
Fugi de mim, parte de mim.
Fugi e não acho ninguém para ser o meu refugio.
Que faço eu agora?
Não sei se ao fechar os olhos vou dormir, não sei se ao fechar os olhos vou conseguir abrir.
Tenho saudade, mas aqui tem sido tão lindo.
Quero trazer meu canto para cá, voar com as gaivotas, e sumir com as gaivotas. No dia de lua cheia, lá perto da praia, vi uma gaivota branca voar, a luz da lua bateu no branco das penas da gaivota e tudo ficou fosforescente. Foi divino! Ali eu tive a sensação de estar vivendo. Eu estou vivendo. Você me entende? Você já me ouviu falar isso? Eu estou vivendo. Meu Deus estou viva. E você não esta aqui para ver isso. Você não esta aqui. Por que você não está aqui?
Se culpados fomos nós, que a espera de um amor sofremos simplesmente por querer, saber esperar não é próprio do amor, amor é rápido, certeiro, te leva do céu ao mar em menos de um segundo. Feito o vôo das gaivotas. Se culpados fomos nós, não há culpa a ser dividida.
3 comentários:
Que sutileza! Gosto demais de textos assim.. Fiquei encantada..
Quando li o título pensei que fizesse referencia ao poema "Vida" de Drummond.. Mais abaixo lembrei também de "Certo Vôo" de Damário da Cruz.
Enfim, o teu texto inspira liberdade e uma visao muito linda da vida que se quer vs. a vida que se tem.
Beijos.
Muito legal o blog. Utopias vigente de uma vida pensante, não?! Isso deve ser bom. hahaha
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