É fonte de divino sumo frutífero,
Gosto forte de amor
Vindouro em meus dias.
Aquece com os lábios
Parte a parte de meu corpo,
Toque suave
Da ponta dos dedos
Arrepia a tatuagem.
Desvenda meus segredos
Com a intensidade castanha do seu olhar,
Fita-me,
E deixa-me sem palavras.
Quero dizer-te tantas paixões,
Frases, textos, histórias,
Declamar os poemas empoeirados
Que guardei pra quem me fizesse
Doer o rosto de tanto sorrir.
Mas não consigo dizer
O quão adoro
Adorar você.
Na timidez dos meus sentimentos,
Paquero o seu olhar,
Tentando deixar transparecer
Um pouco do muito
Que sinto por ti.
Acendo um cigarro, e sorrio
Agarrada,
Enlaçada em seu corpo.
Meus pensamentos se misturam,
Tal quais nossas pernas.
É um homem indescritível,
Que meu coração gosta de apreciar,
Carrega agora contigo
Um pedaço do meu caminhar.
Coisa nenhuma. O que não existe. O não-ser. Pouca coisa. Fragilidade. Expressar qualquer negação. De modo nenhum. Não!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Num domingo chuvoso de setembro
Eis que acordo
E fico a te olhar,
Nu sobre a cama,
Tomo um papel e um lápis
E rapidamente uma doce poesia
Flui das minhas mãos
E enquanto te observo dormir
Penso
O que vou ter que dar em troca
Ao mundo
por te ter aqui
meu,
de uma forma tão intensa.
Um sentimento de imensidão
invade meu corpo,
acendo um cigarro
e espero que abra os olhos,
belos olhos,
pra que eu possa sentir
você.
Ao som acústico
De qualquer coisa que toca no rádio
Preparo um café pra nós dois
e te mimo,
Num domingo chuvoso de setembro.
Para uma pessoa muito especial.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Fé
Quero um café, um beijo e um poeta.Ou melhor, um beijo do poeta.
Quero dormir abraçada nele ou não dormir, apenas abraçar.
Cadê ele?
Quero dormir abraçada nele ou não dormir, apenas abraçar.
Cadê ele?
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Então é isso?
Linda é a gaivota, queria ser como ela, certeira no mergulho, um segundo no céu, outro no mar, sumindo por que quer sumir. À medida que vou me afastando de você o mundo me apresenta cores, eu não conhecia as cores, a cor do mar, a brisa suave do inverno a beira-mar. Que faço eu aqui? Pergunto-me todos os dias num amanhecer solitário em um lugar que aos poucos estou conseguindo chamar de casa, mas solitária, embora as cores sejam lindas, embora a brisa seja suave, embora, embora, por que eu fui embora?
Fugi de alguma coisa.
Fugi de mim, parte de mim.
Fugi e não acho ninguém para ser o meu refugio.
Que faço eu agora?
Não sei se ao fechar os olhos vou dormir, não sei se ao fechar os olhos vou conseguir abrir.
Tenho saudade, mas aqui tem sido tão lindo.
Quero trazer meu canto para cá, voar com as gaivotas, e sumir com as gaivotas. No dia de lua cheia, lá perto da praia, vi uma gaivota branca voar, a luz da lua bateu no branco das penas da gaivota e tudo ficou fosforescente. Foi divino! Ali eu tive a sensação de estar vivendo. Eu estou vivendo. Você me entende? Você já me ouviu falar isso? Eu estou vivendo. Meu Deus estou viva. E você não esta aqui para ver isso. Você não esta aqui. Por que você não está aqui?
Se culpados fomos nós, que a espera de um amor sofremos simplesmente por querer, saber esperar não é próprio do amor, amor é rápido, certeiro, te leva do céu ao mar em menos de um segundo. Feito o vôo das gaivotas. Se culpados fomos nós, não há culpa a ser dividida.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Despeço-me
Estou passando pelo ritual de despedida! É maravilhoso ver tudo o que eu queria se concretizando, mas a dor de perder a rotina junto das pessoas que eu amo faz com que eu sinta a presença constante da dor, de uma tristeza sem explicações, que dói por pensar em sentir. Tardiamente vou deixar o ninho, e como boa canceriana, se pudesse, adiaria mais ainda esse vôo se soubesse que a falta seria gélida ainda mesmo sem sair de casa. Digo que vou mudar de cidade, estado, mas não de casa, a minha casa é onde estão as pessoas que eu amo, onde estiverem elas, estarei em casa.
Estou assim, fechada no meu mundo, por que tudo é um ritual de despedida, despeço-me do boa noite do meu pai todas as noites antes de dormir, do bom dia da minha mãe, abraçando-me, chorando, dizendo que vai sentir muito a minha falta, dos beijos e abraços de pescoço do Francisco, e do sorriso solar do João, daqueles que olhamos e pensamos: “ como é bom viver, só pra te ver” e das conversas, olhares, revelações, da minha irmã Carol, a qual eu admiro sem vergonha. Sei que vou sentir falta até mesmo dos ataques noturnos em dia de lua cheia da coração, latindo sem me deixar dormir, e dos miados do meu velho bichano, exigindo carinho.
Ontem a noite, insone, pensei na falta que todas essas coisas vão me fazer, e do medo que estou sentindo, é um medo, mas é também a coragem de uma menina que não consegue crescer. Faz pouco tempo que me descobri mulher, tirei do meu próprio olhar a imagem infantil que carregava sobre mim.
Não consigo explicar as mudanças que aconteceram, porem sei que elas aconteceram. Já não teria coragem hoje de fazer as coisas que já fiz, entretanto tenho coragem para fazer outras coisas, diga-se de passagem, bem mais gratificantes.
O ritual de despedida dói! E trás a tona muitas coisas que já vivi, vivencias que quero esquecer, mas que sempre lembro, por que faz parte de mim, queira eu ou não, e tudo faz parte de um ciclo clichê, errar, aprender,errar, aprender, errar, errar, errar... é divino pensar que podemos aprender com os nossos próprios erros, achei que isso fosse besteira de mãe e pai, mas é a mais pura verdade, e para isso precisa-se apenas viver!
Olho no espelho do banheiro e encaro essa minha face medrosa, meio sem querer olhar, e vejo que as gotas de suor exalam nostalgia. Tornei-me chata nesses dias, é tudo culpa do ritual de despedida, choro, grito, berro, choro de novo...
Temo ter que sair de casa com uma placa: “ em ritual de despedida”
Despeço-me da grama, das casas dos vizinhos, das paredes do meu quarto, do gosto do cigarro fumado junto com o meu pai, das lagrimas dos meus irmãos, dos desabafos da minha mãe, despeço-me de uma parte da minha vida, parte essa que não vou mais estar assim, 24 horas por dia presente para poder cuidar, acalentar, segurar pra ninguém machucar-se.
Espero que a vida por lá seja mais feliz do que a vida que tenho aqui!
Estou em ritual de despedida.
Para as pessoas para quem eu docemente vivo...
Mariana Moro da Silva
Estou assim, fechada no meu mundo, por que tudo é um ritual de despedida, despeço-me do boa noite do meu pai todas as noites antes de dormir, do bom dia da minha mãe, abraçando-me, chorando, dizendo que vai sentir muito a minha falta, dos beijos e abraços de pescoço do Francisco, e do sorriso solar do João, daqueles que olhamos e pensamos: “ como é bom viver, só pra te ver” e das conversas, olhares, revelações, da minha irmã Carol, a qual eu admiro sem vergonha. Sei que vou sentir falta até mesmo dos ataques noturnos em dia de lua cheia da coração, latindo sem me deixar dormir, e dos miados do meu velho bichano, exigindo carinho.
Ontem a noite, insone, pensei na falta que todas essas coisas vão me fazer, e do medo que estou sentindo, é um medo, mas é também a coragem de uma menina que não consegue crescer. Faz pouco tempo que me descobri mulher, tirei do meu próprio olhar a imagem infantil que carregava sobre mim.
Não consigo explicar as mudanças que aconteceram, porem sei que elas aconteceram. Já não teria coragem hoje de fazer as coisas que já fiz, entretanto tenho coragem para fazer outras coisas, diga-se de passagem, bem mais gratificantes.
O ritual de despedida dói! E trás a tona muitas coisas que já vivi, vivencias que quero esquecer, mas que sempre lembro, por que faz parte de mim, queira eu ou não, e tudo faz parte de um ciclo clichê, errar, aprender,errar, aprender, errar, errar, errar... é divino pensar que podemos aprender com os nossos próprios erros, achei que isso fosse besteira de mãe e pai, mas é a mais pura verdade, e para isso precisa-se apenas viver!
Olho no espelho do banheiro e encaro essa minha face medrosa, meio sem querer olhar, e vejo que as gotas de suor exalam nostalgia. Tornei-me chata nesses dias, é tudo culpa do ritual de despedida, choro, grito, berro, choro de novo...
Temo ter que sair de casa com uma placa: “ em ritual de despedida”
Despeço-me da grama, das casas dos vizinhos, das paredes do meu quarto, do gosto do cigarro fumado junto com o meu pai, das lagrimas dos meus irmãos, dos desabafos da minha mãe, despeço-me de uma parte da minha vida, parte essa que não vou mais estar assim, 24 horas por dia presente para poder cuidar, acalentar, segurar pra ninguém machucar-se.
Espero que a vida por lá seja mais feliz do que a vida que tenho aqui!
Estou em ritual de despedida.
Para as pessoas para quem eu docemente vivo...
Mariana Moro da Silva
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Galope
O gato miava desesperadamente, um miado constante, eu não sabia se terminava o cigarro, se jogava, fora, o ultimo cigarro que eu tinha, se matava o gato, ou se pegava ele no colo, dando algum tipo de carinho, mas eu não queria, eu não queria dar carinho a ninguém, mas ele insistia, e eu gritava, com a boca cheia de fumaça, desesperada com o desespero do miado dele. O que fazer? Era um dia maluco, eu não havia comido nada, a casa estava vazia e o gato miava, me deixando mais enjoada do que a falta de comida no estomago, a tontura, eu não sabia se era por causa do cigarro, do miado, dele, da casa vazia ou da falta de comida. Era um ser sedento de carinho, implorando para alguém que não poderia dar o que ele queria. Eu não queria. Eu só queria fumar meu ultimo cigarro em paz deitar novamente na minha cama, com o meu corpo desajeitado, ler meu livro, e assim terminar o dia. Mas tudo aquilo dentro de mim começou a sufocar, e tantas outras coisas começaram a surgir na minha cabeça, coisas que eu não queria lembrar, coisas que eu não queria pensar, que a muito eu tenho socado para um canto escuro dentro de mim, que me faziam mal, que embrulhavam meu estomago. Por um momento, peguei o que parecia ser uma lâmina de barbear enferrujada, e fiquei ali, ouvindo o miado, sentindo o enjôo, e olhando para a lâmina em minhas mãos pensando que eu poderia acabar com aquilo tudo naquela hora, matar ele, com um corte na garganta, fingindo dar carinho. Mas eu sabia que não conseguiria. Como não havia conseguido tantas outras coisas. Pensei estar louca. Devo estar louca. Larguei aquilo que parecia uma lamina, o cigarro acabou, corri para o quarto com as mãos tapando os ouvidos, fechei os olhos, como se esse ato fizesse tudo acabar, eu esperava tudo acabar. Foi quando ele chegou, abriu a porta, e eu, encerrada no quarto, larguei um grito estridente, sentindo apenas seu corpo envolto ao meu, me embalando, dizendo que estava tudo bem, eu ainda não abrira os olhos, receosa, um animal ferido sem caminho a seguir, mas eu sabia que era ele, e embora eu ainda tivesse mágoa de todas as coisas que haviam acontecido, não podia recuar, simplesmente me soltar dos seus braços, porque era ali que eu queria estar, bem, nos seus braços, acalentada. Permanecemos assim durante um tempo, em silêncio. Apenas envoltos. Eu queria perguntar todas as coisas que eu tinha guardado, e que nas cartas nunca consegui escrever, embora fizesse tanto tempo desde a ultima que eu havia mandado. Sempre esqueci de trocar a fechadura, sempre deixei pra depois, e depois e depois, como tudo. Também nunca pensei que ele pudesse, então, tornar a abrir essa mesma porta pela qual ele se foi, me deixando aos prantos, sozinha, gata solitária, desamparada, numa madrugada fria de junho. As explicações vieram dele, ou melhor, não foram explicações, foram lamentações, pedido de ajuda, clemência. Abri os olhos e avistei aquele rosto angelical, feito criança, sempre teve esse rosto angelical, só que agora tinha um resquício de barba mal feita, passei a mão direita lentamente sobre o seu rosto, sentindo a aspereza da superfície que durante muitas manhãs eu beijava, com muito amor, amor que um dia eu tive, amor que eu não sabia aonde se encontrava, estava entalado, preso, sufocando em algum porão minúsculo. Ele pediu pra ficar, disse tantas outras coisas, coisas que eu não conseguia ouvir, só observar, observar, nada mais daquelas coisas me importavam, eu o aceitaria de volta sem discutir, estava cansada, polida, mal tratada, com o rosto indiscutivelmente traindo a minha beleza jovial daqueles tempos, pouco me importava se tivesse outra, outro, se tivesse tido qualquer coisa que pudesse ter sido maior do que nós tivéssemos tido, tanto fazia, tanto fazia, eu apenas o abracei, dei um beijo na boca, e desmaiei. Falta de comida, e uma grande quantidade de cigarro num curto espaço de tempo. Ele me deixou dormir, disse ele. Acordei com a luz da madrugada, - um dia ainda quebro a luz desse poste. Pensei. A boca seca com gosto de alguma coisa nojenta, ainda estava enjoada, corri para o banheiro e vomitei café com licor de losna, - meu café da manhã, falei, esquecendo que havia alguém em casa. Voltei para o quarto tremendo, ele me esperava lá com um remédio e um copo de água, mais uma fatia de pão – remédio de estomago vazio não é uma boa combinação, falou ele. Comi o pão, tomei o remédio com a água que tinha gosto de cloro, tinha gosto de piscina, sabe? Falei isso, mas acho que ele não escutou, acho que nem eu mesma escutei. Não falei mais nada. Não tinha o que falar, meu estado louco, depressivo, rebelde, de menina mimada que quer ser cuidada mas não aceita os cuidados de ninguém, falava tudo. Tudo. Eu não sabia de mais nada. Ele me aconchegou no seu colo, fazendo meu corpo esquentar, eu tremia, ele cantava Chico Buarque “... não, não fuja não, finja que agora eu era o seu brinquedo, era o seu pião, o seu bicho preferido...” E eu me perguntava, - o que é que a vida vai fazer de mim? O que? O que? Ele continuava a cantar. A música respondia.
O gato me acordou, miando, e antes que alguma coisa pudesse acontecer, mandei trocar a fechadura, e fui embora.
O sol sumia por entre as nuvens, e eu lembrei do cheiro de bolo de fubá da minha avó, misturado com o cheiro das hortênsias do quintal da casa dos meus pais, e minhas pernas, fracas do tempo perdido, voltaram-se até onde eu podia ver o inicio do rio, tornaram-se fortes, feito cavalo galopante, corri e me joguei nas águas turvas, sorrindo. Longe, podia ver minha mãe, com a toalha branca nas mãos, chamando meu nome.
Santa Maria, 19 de maio de 2010.
Mariana Moro da Silva
Qualquer lugar
Joana permaneceu estática, fumando qualquer cigarro que achou jogado ao chão do seu quarto revirado, acendeu no instante em que ouviu a batida da porta, sentindo o gosto de cigarro barato, bom o gosto, forte. Não correu atrás, nem mesmo levantou-se da cama, jogou o seu corpo para trás, com uma leveza, soltando a fumaça do cigarro barato, vendo surgir no teto do quarto escuro qualquer imagem que a fumaça fazia por si só, e sentindo surgir um sorriso canto de boca, querendo esconder qualquer coisa que pudesse surgir, qualquer coisa como sentir.
Agora ela poderia colocar o som alto, dançar pela casa, cantar desafinada, correr pela casa fumando um cigarro, deixando cair as cinzas em qualquer lugar, sem se preocupar, e foi o que fez durante os dias que se seguiram, até o dia em que, num repente, em meio a dança pela casa, ouvindo blitz e mascando chiclete, sentiu um aperto no peito, e era como se o seu corpo todo, todinho, estivesse se diluindo, e ela virava nada, nada no chão da casa.
Refugiada dentro do próprio corpo, longe de todos, escondida do mundo, sentiu o abraço do alguém que ela não via. Jogou-se na cama, fumando filtro vermelho, viu fumaça formar canalhamente um coração, e sentiu lagrima rolar no seu rosto, e sentiu, e sentiu, e sentiu.
Tarde demais pra correr atrás, pensou Joana, jogando com leveza seu corpo para trás, sorriso canto de boca, lágrima nos olhos, mascando chiclete e ouvindo blitz com um cigarro na mão, soltando as cinzas em qualquer lugar. Qualquer lugar.
segunda-feira, 29 de março de 2010
A rosa na mão
Tinha uma rosa na mão
Em passos lentos
Comendo a minha dor
Foi então
Que de longe a vi
Sorrindo a tristeza
Chorando por mim
Meu doce amor
Calou minha boca
Com tamanha tristeza
Arrancou-me a rosa da mão
Foi-se embora
Deixando-me para trás
Ainda vi
O seu olhar
De longe acalentando-me
Numa despedida
Num adeus
Marcando meu coração
Cravejando-o dos espinhos
Da rosa
Que não lhe dei.
Em passos lentos
Comendo a minha dor
Foi então
Que de longe a vi
Sorrindo a tristeza
Chorando por mim
Meu doce amor
Calou minha boca
Com tamanha tristeza
Arrancou-me a rosa da mão
Foi-se embora
Deixando-me para trás
Ainda vi
O seu olhar
De longe acalentando-me
Numa despedida
Num adeus
Marcando meu coração
Cravejando-o dos espinhos
Da rosa
Que não lhe dei.
Rodando
Ventava forte. Belo dia você resolveu voltar. Fazia frio, muito frio, as gotas de água quase tornavam-se brancas, e eu estava a te esperar. Capa longa preta até os pés, luva, várias meias, manta, tudo negro, como o de costume.Tentei me aquecer de todas as formas possíveis, mas meu corpo permanecia gelado, era o nervosismo, a ansiedade em lhe ver, o ataque cardíaco estava no inicio, coração batia tão rápido ou quase parava, eu não sei definir, não era uma coisa boa, não, não era, eu queria que isso acabasse logo, mas ainda demoraria pra você chegar, fui cedo, muito cedo, praça, um banco, algumas carteiras de cigarro e uma discreta garrafa de whisky pra passar o tempo. Na verdade não lembro de termos combinado hora, lembro apenas do dia, mês, e ano, jamais esqueci. Então, durante todo esse dia eu iria permanecer ali a sua espera, mesmo que não acreditasse muito que você voltaria, mas sabe como é, sempre tive essa coisa pulsando dentro de mim, confiar até o prazo terminar, as palavras que dito não são ao vento.
Sentei-me no banco, protegido pela aquela coisa de que sempre falávamos, mas esqueci o nome dela agora, um circulo, com um teto, redondo, o teto. Enfim, é muito mais bonito do que descrevi, lógico.
Baby, a cidade estava vazia, como se tornou pra mim quando você partiu, mas nesse caso era eu quem não notava a presença de ninguém, também, pudera, quem sairia em pleno inverno, frio, vento, e gotas de chuvas quase brancas pelas ruas, só os apaixonados e os bêbados, ou os bêbados apaixonados, porém esses são sozinhos, bem, eu estava como eles, a garrafa de whisky na mão não deixaria eu contradizer-me.
Enquanto o tempo passava, pensei em tantas coisas, em todas as coisas que já ousamos falar, direcionamos tantas ferocidades um ao outro, mas baby, passamos tantos momentos juntos, únicos, mágicos, de uma pureza nem um pouco sacra. Seu sorriso, foi a única coisa da qual fiz questão de guardar aqui dentro, aqui sabe baby, nesse lugar aonde passa um filme sem que ele seja gravado, aonde eu posso guardar tanta coisa que não quero mais, e fica assim, apertado, doido de tanta lembrança amarrotada num só lugar pelo simples orgulho, ferido, diga-se de passagem, porém orgulho. Via o seu sorriso que era pra ver se surgia algum dele no meu rosto, mas não me olhava no espelho pra isso, não surgiriam sorrisos bonitos no meu rosto. Não mais.
Durante a noite, baby, eu implorava por você. As lembranças insistiam em fugir durante as noites chuvosas, eu chorava, eu chorava de dor, raiva, saudade, baby, eu chorava de saudade.
Eram poucas as ligações, embora você tivesse dito, e tivesse feito com que eu acreditasse fielmente, que me ligaria todos os dias. A primeira ligação só foi acontecer por que eu, quase morto de ansiedade, fiz questão de lhe procurar, em vão, pois liguei a fim de ouvir declarações, gritos de saudade ao telefone, e o que ouvi foi o susto na sua voz ao ouvir a minha, tornava-se repetitiva, “ e ai, como está? Alguma novidade?”, sem saber como lhe tratava, deixava escapar um “amor” em meio as minhas perguntas sedentas de carinho, envergonhando-me do outro lado da linha. As tuas perguntas me soaram irônicas nesse dia, desde então, nunca mais fiz questão de lhe telefonar. Você também não fazia.
Tentei manter uma certa ordem na minha rotina, tirando você dela. Comecei aos poucos, certo de que no final você teria sumido completamente da minha vida, foi como um tratamento contra qualquer tipo de dependência, eu tinha crises de abstinência, contorcia-me durante a noite, chamava teu nome, sussurrava pequenas palavras de amor.
Dei-me conta de que amava bem mais do que imaginava ser amado, em pequenas atitudes minhas das quais, por deus, desejei jamais ter-las feito, como aquela vez, na qual desesperadamente fui lhe encontrar, quis fazer feito cena de filme, sai correndo na chuva, em meio as pessoas me olhando nas ruas movimentadas da cidade em plena terça-feira as 14 horas, não tinha como lhe avisar que demoraria, que tive meus contratempos, mas por você, eles não existiam, era você quem me importava, e eu fui, deixando de lado a minha timidez, correndo, correndo, com a confiança de que você estaria me esperando lá, no local combinado, na hora combinada, com um sorriso estampado no rosto, e daríamos um beijo molhado, acompanhados de olhares fraternos, por que eu não me importava em estar todo molhado, nem que metade de cidade estivesse me achando um maluco, desvairado, se fosse por você, se você estivesse ali. O corpo molhado só foi me preocupar quando vi que você não estava lá. Completamente sozinho, para aonde eu iria? Não me passou pela cabeça essa possibilidade. Só não poderia imaginar que isso lhe importasse tanto.
Cenas de filme não dão certo.
Eu te amei tanto, pensava ali, sentado naquele banco, agüentando o frio, o vento sobre meu rosto, eu te amei tanto, eu te amei tanto...
Me perdi dentro de ti, não me encontrava mais, entrei em desespero, quem sou eu? quem verdadeiramente sou eu? Eu não tinha respostas.
De repente, um estalo inefável surgiu, olhei a minha volta, olhei verdadeiramente a minha volta. Olhei para mim. Eu, um cara solitário, abandonado, tolo e inocente, a espera de alguém que nem mesmo conhecia mais. Havia passado tantos anos.
Levantei-me!
E fui ao cinema.
Se você voltou? Não sei. Mas o filme que assisti era muito bom.
Só.
Acordo tarde
E tomo uma xícara de café
Envolta em um cobertor
Leio alguns livros
Cantarolo alguma canção
Sozinha pela casa
Um cigarro na mão
Deixei para chorar
Você depois
Depois, não consegui
Mais chorar você
Até parece tortura
Guardei você num canto
Acho
E não te acho
Te acho
Mas não acho a dor
Embora doa
Sempre dói
Corrói
Destrói
Cadê?
A dor que quero chorar
Hoje, amanhã,
Até meus olhos
Se renderem
Perderem.
Perder.
Eu perdi.
Me rendi, sofri.
Sofro, só, uma dor perdida.
E tomo uma xícara de café
Envolta em um cobertor
Leio alguns livros
Cantarolo alguma canção
Sozinha pela casa
Um cigarro na mão
Deixei para chorar
Você depois
Depois, não consegui
Mais chorar você
Até parece tortura
Guardei você num canto
Acho
E não te acho
Te acho
Mas não acho a dor
Embora doa
Sempre dói
Corrói
Destrói
Cadê?
A dor que quero chorar
Hoje, amanhã,
Até meus olhos
Se renderem
Perderem.
Perder.
Eu perdi.
Me rendi, sofri.
Sofro, só, uma dor perdida.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Soooooooopro
Nem anoiteceu
e eu já estou com sono.
Você cria vários planos
no final
o que você ganha é um amontoado de sonhos
ilusões doloridas
corrompidas
Na alma...
Na alma
a dor lateja
A sua mão sua frio
carregando a segurança
que escorre entre os vãos dos dedos.
E então você corre
corre
corre
tentando aliviar
sabe-se lá o que
O que você espera todos os dias
é que anoiteça
e enquanto ainda é dia
os olhos não se fecham
por mais cansado que seu corpo
físico
e não físico
estejam
os olhos não se fecham
a mão direita segura um cigarro
a fumaça do cigarro segura você
E então
você corre...
corre até a árvore gigante
e o campo de violetas
você corre...
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