domingo, 10 de agosto de 2008

Corações feitos de papel.


Era um papel em forma de coração rasgado a mão escrito eu te amo com um giz de cera azul que eu havia deixado no chão quando caiu numa das minhas impulsivas garatujas, foi ele que me assustou. Quando eu o vi estava preso , grudado, do lado de fora da janela do banheiro enquanto eu tentava deixar a água quente que descia da ducha me acordar as 11 da manha de uma quinta – feira. Mas foi ele, o susto causado pelo coração feito de papel escrito eu te amo, que me acordou. Fazem 18 anos que esses corações me acordam. No inicio eles vinham na bandeja acompanhados de um café da manha levado a cama. Depois, eles apareciam pendurados na porta do quarto meu e da minha irmã. Lembro do primeiro dia em que saimos, eu e a minha irmã, e dois deles apareceram no travesseiro em que descansamos na casa da nossa avó. Guardo ele até hoje. Fazia tempo que um deles não aparecia. Hoje eles aparecem após as brigas.. Como sinal de desculpas. Lembrei que há tempos não me desculpo com uma fadinha vestida de princesa desenhada em uma carta, hoje eu me lembrei que a tempos eu não digo o quanto eu amo quem os faz pra mim, hoje lembrei das piadas, dos presentes, dos ovos kinder, das reuniões políticas, das buscas na escola, das viagens a porto alegre, das idas nas pracinhas, da minha primeira bicicleta, cor de rosa, dos natais, dos aniversários, do bolo levado a meia noite, dos churrascos, das risadas, das pegadas do coelhos pela casa, da caça ao tesouro, dos acampamentos, do dia em que o vestimos de rei, da presença dele em todas as festinhas na escola, da confiança dele em mim. Hoje eu me dei conta que eu não sou nada sem a presença dele em mim. E foi no susto do coração feio de papel escrito te amo que eu lembrei que eu tenho o melhor homem do mundo comigo a 18 anos. Meu pai.

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