domingo, 29 de junho de 2008


Hoje é 06 de julho de 2008. Está frio, menos que o de uns 5 dias atrás, confesso que prefiro o frio de 5 dias atrás. Gosto de frio. De muito frio. Hoje não choveu. Infelizmente. Gosto de chuva também, tanto aquela fininha que faz os cabelos ficarem cheios de gotículas de água quando paramos em algum lugar, tanto aquela de dias e dias, forte, que faz com que as pessoas não saiam de casa, aquela em que os solitários se afogam em filmes e sorvetes (cigarros também) e onde os casais dormem, trepam (e fumam) durante as tardes tediosas. Hoje o sol não deu as caras. Dia nublado, frio sem graça, e sem chuva. Ah, não posso esquecer que além disso tudo, o dia em questão é domingo. Por que será que domingos são tediosos? Quando eu tinha você meus domingos eram tediosos, mas nunca banais e melancólicos. Sempre inventávamos alguma coisa quando, deitados na nossa cama bagunçada, nos olhávamos e sentíamos o tédio nos rodando. Pulávamos da cama feito dois malucos (feito não éramos dois malucos) e tratávamos logo de inventar alguma coisa pra fazer. Transar no domingo era bom, normalmente no domingo era uma rapidinha, daquelas boas, que nem se tira a roupa.Mas não aliviava nosso tédio completamente. O tédio é um bicho difícil de saciar. Às vezes saiamos pra ir ao café bar encontrar alguns amigos e conversar. Era bom. Agradável e apaixonante a vida ao seu lado. Voltávamos pra casa, transávamos de novo (dessa vez tiramos a roupa), fazíamos juras de amor silenciosas pelo olhar, conversávamos coisas nonsenses, você dizia que um dia iria sumir, pegar o expresso até o por do sol e sumir, e eu fazia você jurar que iria me levar junto, e quando víamos, o domingo tediante de todos os seres humanos já tinha terminado pra nós (e no fim, nem fora assim tão tediante). Mas hoje, não estamos juntos, não tem sexo com roupa, nem café bar com amigos, nem sexo sem roupa, nem juras de amor e conversas nonsenses e o domingo parece nunca ter fim. Meus amigos sumiram (faculdade tem dessas coisas, assim como une, afasta), o café bar tem outras pessoas dentro, e você não está aqui. Minha cama continua bagunçada, e as xícaras atiradas pelo chão, ha cinzas de cigarro pelo carpete, perdi meu cinzeiro, não tomo banho há 2 dias (é fim de semana e você não esta aqui) e tenho aula amanha no primeiro período. E você não vai me acordar com café na cama dizendo em francês que me ama 'je t'aime mon amour'. Provavelmente amanha vai fazer sol. E frio. Igual estava o dia quando você sumiu. Já faz anos. Já sou formado, professor universitário de Economia, acabado, solteiro, 45 anos, separado, um casal de filhos e sem nenhuma mulher em vista. Como eu disse, faculdade une, e afasta as pessoas. Ainda tenho o bilhete que você deixou grudado na janela que eu sempre via ao acordar guardado. ' Mon amour. Não gosto de despedida. Sou sentimental e calculista.Você sabe, não sei viver muito tempo no mesmo lugar. Ligo-te pra dizer qual o destino final do expresso até o por do sol. au revoir mon amour. Com carinho Lucy.' É, eu sei. O expresso até o por do sol não tem destino final.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

No final sempre é nada


Sorrateiro!
enlouquecedora noite chuvosa fria!
sorrateiro!
sensação perdida entre as gotas sujas da agua da chuva que cai na janela do meu quarto.
Já caminhei demais pelo mesmo chão que tu pisa.
Já joguei minhas cartas na mesa, já as tirei, já as rasguei
já comprei um baralho novo
e novamente na mesa eu as pus.
Já guardei sorriso quando vi que você vinha
já calei o choro quando vi que você não vinha
Mandei a merda quem me acalentava quando eu sofria e beijos a você que me fazia sofrer.
sorrateiro!
Maldito sentimento sorrateiro.
Vem de mansinho
sem avisar
assim como vem o sol depois de dias de chuva.
Mas tempo tem previsão.
Meu corpo não...
humanos não tem previsão.
Achei uma carta perdida em cima da geladeira
Não. Não era sua.
Você nunca escreveu.( ao menos pra mim)
Teus passos são lentos, caminha com serenidade e sem compromissos
e mesmo lentos sendo teus passos
eu estou cansando de correr pra permanecer ao teu lado.
sorrateiro.
assim como vem
assim se vá.
sorrateiro, pra não deixar pontos abertos.
No final de tudo
sempre é nada.

domingo, 22 de junho de 2008

Mesmo que...


Dá pra sentir o nosso gostar um pelo outro só pelo abraço! Mesmo a gente não fale sobre isso, mesmo que nunca tenhamos se quer tocado no assunto, o nosso abraço é forte. Sempre. Quando a gente despede o abraço é daqueles que acalenta o corpo, e que fala mais que qualquer palavra. Mesmo que a gente nunca venha a tocar no assunto, o nosso gostar um pelo outro é expresso em silêncio, na intensidade do abraço acalentador, aquele que só a gente entende. Afinal, quem mais precisa entender?

domingo, 8 de junho de 2008

Last love



Você dizia que gostava de caminhar na chuva
de pisar de pés no chão na grama umida
de ouvir a agua falar
era assim que você dizia quando começava a chover
a chuva vai cantar uma melodia pra deixar um dia banal mais melancolico.

você não volta mais.
E a melodia da chuva ficou diferente.

Eu deitava, carente, no seu coração.
e durante a noite a nossa respiração tinha sincronia.
eu ainda respiro por ela.
ainda...
espero você abrir a janela do quarto pela manhã
e deixar um risco de sol entrar
acender um cigarro
e me convidar pra ver a fumaça dançar na luz do sol.

você não volta mais.
e a fumaça já não dança com tanta graça.

Mordi meus lábios quando procurava os seus
minhas mãos estão frias todas as noites
e já não tem sentido usar as luvas que comprei pra te aquecer.

são 2 horas da manha de uma quinta-feira fria
peguei meu casaco preto e a manta xadrez que roubei do seu pescoço
roubei uma ultima carteira de cigarro da gaveta
e sai.

Você não volta mais.
eu sei.
você não volta mais.

E naquele dia a chuva molhou a terra, seca, no mesmo momento que uma lagrima deslizou pelo meu rosto,seco, (como a terra). Os dias já não tem mais a graça que tinham quando você sorria e dizia voltei. Sai numa noite fria pra dizer pra mim que tinha esquecido como era te amar. Fumei o ultimo cigarro da minha ultima carteira de cigarro, sentada, sozinha, no meio fio da esquina que você dobrava, esperando avistar de longe teu jeito estranho de caminhar, esperando você dizer que ia voltar. A chuva bate na minha janela, parece você me pedindo pra deixar você entrar. É você.

Mas eu sei
você não volta mais.




Ouvindo Até mais - Abril